domingo, 27 de dezembro de 2009

Um Ano

Diversas vezes escrevi aqui mas apenas em minha mente. Platão dizia que o mundo perfeito é o das idéias. Pode até ser. Mas de que adianta ser perfeito quando nossa condição humana nos torna seres interdependentes, e não há troca, compartilhos e crescimento mútuo?
Estou completando um ano de blog, e embora tenha "escrito" no mundo das idéias, vejo pouca ação, vide o número de postagens.
Final de ano; momento de balanço.
Importante, vital, imprescindível ter sonhos, mas que junto a eles esteja a ação.
Por que não 2010 ser o ano das ações?
Dádivas, quantas recebi. E vc? Que tal compartilharmos, dividirmos a dor e caminharmos juntos?

sábado, 31 de outubro de 2009

Lembranças

Noutro dia fazia uma prova para uma área da psicologia e me deparei com a questão: qual a relação entre o direito e a psicanálise e a Lei e as leis. Não querendo respondê-la aqui, mas ao final a relacionei nesse instante com a música que escuto no momento: Cherrish.
Daí sim, vem a relação da qual falo no momento.
Minha constituição enquanto sujeito, ser humano, vem/veio do modo como fui inserida na sociedade; através dos meus pais, irmãos e demais pessoas que quando eu ainda era um bebê diziam qual o meu nome, qual nosso grau de parentesco ou não, enfim, o que sou hoje foi construído através dos tempos. (Que fique claro, ainda estou em construção e que dure por muito mais tempo!)
Mas por que dei como título lembranças? Sempre queremos saber o porquê, não é mesmo? Ok. Foi preciso que eu guardasse tais coisas em minha memória, daí, ao ser chamada, lembro instantaneamente que essa palavra que falaram corresponde ao meu nome, que acaba me identificando. O Outro me é importante. Não somos “ilhas”, somos seres interdependentes. Que bom! Precisamos uns dos outros.
Lembranças. Boas ou ruins. Cresço com elas. Aprendo a partir delas. Ganho sentido através delas. Emocionam-me. Embalam-me. Viajo!
Uma pessoa sem lembranças fica sem passado, sem história. E eu quero ter uma linda pra contar. Já comecei.

sábado, 12 de setembro de 2009
















Final de Tarde


Final de tarde numa quinta-feira de calor, estava eu sentada no alto de um prédio, lendo, ouvindo músicas pelo fone do meu celular, onde entre os espaços dos arbustos que cercavam a sacada o mar: tão sereno, tão encantador como um tapete. A brisa suave soprava e causava-me leves gostosos arrepios.
Lia documentário/relatos do próprio diretor e roteirista de cinema Louis Melle. Nunca antes ouvira falar, mas a paixão que ele falava sua vida, filmes e suas implicações, fizeram-me refletir no privilégio, às vezes castigo, desses que conseguem capturar fragmentos da vida e provocar-nos através de imagens.
Curioso, o espaço entre os arbustos mostrava o mar como um retrato, apenas aquele quadrado.
Eu aqui, num intervalo entre um atendimento e outro, à beira, na “eira”, observando a vida. Na verdade, vivendo-a.
Tantas pessoas passam por nós, umas marcam, fazem parte da história pessoal e em sua maioria se torna uma imagem congelado no porta-retrato de nossa memória. Memória, melhor tê-la.
Às portas do paraíso. Hiato.
Esses instantes tão constantes estão por aí, prontos a serem percebidos e capturados.
Até quando passaremos sem capitá-los e aproveitar para nessa coleção de coisas que fizemos, vimos e sentimos durante o período que temos aqui?
A noite vem chegando bela e vagarosa, o cenário vai aos poucos mudando e eu, agradecida, termino esse escrito.
Botafogo, Rio de Janeiro (RJ), 03 de setembro de 2009.
17h10

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Achei esta mensagem em meus arquivos que recebi de uma pessoa muito querida que hoje não sei mais. AGT

Perder
Para cada coisa que perder ganhará mil.
Quando buscamos algo, perdemos o que encontramos.
Quando nos apegamos ao que buscamos, perdemos os momentos.
Os momentos são preciosos, são eles que nos tocam.
Quando temos metas rígidas, deixamos de ver e de ouvir.
As metas se fazem no caminho, no caminhar.
Caminhar é perder, perder sempre.
A cada momento está perdendo vida, juventude, sonhos, pessoas, esperanças,crenças.
Mas veja, a única coisa que não perdemos é o momento.
O momento é a surpresa, é o que ganhamos, tudo que temos é o agora.
Tudo que temos acaba: se nos apegamos, ficamos no que acaba, se não, recebemos o inusitado, o novo, o que vai crescer e frutificar, e não o que está morrendo.
Tudo é passagem, repito, e é na passagem que a vida se encontra.
A vida tem uma direção que se forma no momento.
A vida está sempre se formando e nascendo.
Suas pretensões é que o envelhecem.
Nunca pretenda nada, apenas receba o novo, o inusitado.
Deixe que a vida se forme.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Aproveitando o Dia do Amigo, um texto que gosto muito.

AMIGO LONGE E PERTO
“Há amigo mais chegado que um irmão”
(Pv. 18.24)

Pode estar longe e estar perto; ou estar perto e estar muito longe – o amigo. A amizade é um mistério que dá sentido à vida, enxuga a solidão, acende a fé, suaviza a preocupação, a irritação, o cansaço.
Na verdade, quando se vive, se luta ou se trabalha sob a boa sombra da amizade, os cuidados excessivos, a desconfiança e o temor vão diminuindo; ou se apagando, tornando-se vãos, sem sentido. Posso agir livremente, falar sem timidez, se aquele que me acompanha, me ouve e me observa é amigo. Eu nele confio, me fio nele, vou ao seu encontro e ele vem na minha direção.
É que contamos com a mútua fidelidade, nascida de uma intimidade espontânea e natural, isenta de indiscrição, mentira e subterfúgios. Não significa um assentimento combinado ou imposto, uma rubrica debaixo de quaisquer procedimentos, mas a faculdade de compreender, dialogar, mesmo discordando ou inaceitando. É permanecer junto, apesar de tudo e contra tudo e todos.


Copiado do livro Devocionais Para Todas as Estações, dia 12 de abril.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Gosto dessa mensagem e não posso deixar de dizer que o Senhor Deus tem para nós "pensamentos de paz e não de mal" (Jr. 29.11)

RECOMEÇAR...
Carlos Drummond de Andrade

" Não importa onde você parou...
Em que momento da vida você cansou
O que importa é que sempre é possível e necessário "recomeçar"
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
É renovar as esperanças em si mesmo e, o mais importante...
Acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?Foi aprendizado...
Chorou muito?Foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas?Foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes?É porque fechastes a porta até para os anjos...
Acreditou em tudo que estava perdido?Era o início de tua melhora...
Onde você quer chegar?Ir alto? Sonhe alto...
Queira o melhor do melhor...
Se pensarmos pequeno...Coisas pequenas teremos...
Mas se desejarmos fortemente o melhor e
Principalmente lutarmos pelo melhor...
O melhor vai se instalar em nossa vida.
Porque sou do tamanho daquilo que vejo,
E não do tamanho da minha altura."

Recebi esse texto por e-mail de uma amiga E.A.

SER FELIZ OU TER RAZÃO ?
"Oito da noite, numa avenida movimentada. O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos. O endereço é novo e ela consultou no mapa antes de sair. Ele conduz o carro. Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda. Ele tem certeza de que é à direita. Discutem.
Percebendo que além de atrasados, poderiam ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado. Embora com dificuldade,admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados.
Mas ele ainda quer saber: Se tinhas tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho > errado, devias ter insistido um pouco mais...E ela diz: Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamosestragado a noite!
MORAL DA HISTÓRIA:Esta pequena história foi contada por uma empresária, durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente, de tê-la ou não.
Com base nessa história, deveríamos sempre nos perguntar: Quero ser feliz ou ter razão?'
Outro pensamento parecido, diz: 'Nunca se justifique. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Tênis e Frescobol - Rubem Alves

Texto indicado por minha amiga B. (Obrigada)
Tênis e Frescobol
por Rubem Alves

"Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os relacionamentos são de dois tipos: há os do tipo 'tênis' e há os do tipo 'frescobol'. Os relacionamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa. Explico: para começar, uma afirmação de Nietzche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: 'Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: 'Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice?
Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de ‘conversar.' Scherazade sabia disso. Sabia que os relacionamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, e terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente.
Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: 'Eu te amo...'.Barthes advertia: 'Passada a primeira confissão, 'eu te amo' não quer dizer mais nada.'
É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: 'Erótica é a alma'.
O tênis é um jogo feroz.. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola.
Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir sua cortada - palavra muito sugestiva - que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é jogar pra sempre... E, o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado.
Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos... A bola: são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá...
Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde. Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração".